O SMZC reuniu dia 03 de Dezembro com os médicos do Hospital de Aveiro na sequência de terem sido reportadas situações irregulares e um clima de constrangimento e intimidação que compromete a prestação de cuidados de saúde aos utentes e a própria saúde dos médicos.
As dirigentes sindicais Manuela Soares e Vitória Martins com o jurista Miguel Monteiro
O SMZC reuniu em seguida com o Conselho de Administração na pessoa da Presidente Margarida França e do diretor clínico José Luís Brandão para levar os problemas sentidos. Foram abordados os seguintes tópicos:
1. Transporte de Doentes críticos/ urgentes
Foi levantada a questão de ao ser requisitado médico anestesista para transporte de doentes durante a noite e dias de descanso, ficar a equipa de anestesia com apenas um elemento para atender situações que podem exigir dois.
Foi garantido pelo Diretor clínico que os transportes são feitos preferencialmente pela equipa de Cuidados Intensivos, acautelando a situação.
2. Urgência respiratória para assistência a doentes respiratórios incluindo COVID
As especialidades envolvidas em urgência presencial são Pneumologia, Infeciosas e Medicina Interna. Foi chamado a atenção que nestas urgências podem surgir situações que fogem do âmbito de intervenção da especialidade em causa e foi garantido que nesse caso deverão ser chamados o especialista necessário ou em caso de emergência os Cuidados Intensivos.
Perante o conhecimento de comunicação por carta por maioria de elementos da equipa de Pneumologia e Infeciosas foi afirmado pelo diretor clínico que ninguém foi coagido. As informações que nos chegam dos associados vão em sentido contrário.
3. Urgência de Pneumologia
A equipa de pneumologia que estava de apoio ao SU passou a estar de forma presencial na urgência. Foi chamada a atenção que os colegas não podem orientar doentes fora da sua competência e âmbito de especialidade, assim como não podem garantir o trabalho que até ai garantiam em modo de apoio. Tal foi assumido pelo diretor clínico que se estão de urgência física não podem fazer apoio não urgente.
4. Falhas nas escalas de Urgência geral
Tem sido frequente a existência de falhas nas escalas de atendimento de urgência geral com sobrecarga dos especialistas escalados para trabalho diferenciado seja de Cirurgia , seja de Medicina Interna. Tal implica uma sobrecarga incomportável e exaustão dos médicos e tempos de espera exagerados para os utentes.
Segundo o diretor clínico o atendimento aos utentes tem sido garantido. Foi alertado que os médicos estão no limite e poderão ter a sua saúde comprometida . No entanto, não foi avançada qualquer solução ou preocupação com este aspeto.
5. Serviço de Anestesia
Segundo a administração a ausência de horários aprovados está a ser corrigida pela nova direção de serviço.
Houve saída de 9 anestesistas tendo sido reconhecido pelo Diretor clínico que grande parte foi aliciado com melhores condições de trabalho que as que tinham no Hospital de Aveiro. Estarão médicos interessados em vir preencher vagas neste serviço
6. Banco de horas e descansos compensatórios
Foi chamada a atenção da ilegalidade do banco de horas médicas. Todo o trabalho de rotina extraordinário deve ser autorizado e pago como tal.
Não foi colocado qualquer obstáculo ao gozo dos descansos compensatórios. Relembramos os associados que deve ser solicitado nos 8 dias seguintes e caso não seja possível por interesse do serviço planeado de acordo com o médico.
7. Exclusão de cirurgiões da produção adicional cirúrgica
Segundo o CA é a directora do serviço de Cirurgia que está mandatada para distribuir a produção adicional.
Manifestamos a nossa perplexidade de exclusão de profissionais por terem feito valer os seus direitos de limite de horas extraordinárias não ligadas ao COVID e de direitos de redução de horário por amamentação. Negaram ter conhecimento de tal, mas foi lembrado que o CA recebeu ofícios de associados do SMZC sobre este assunto.
Foi solicitado que a Presidente do CA interviesse junto da direção de Serviço para corrigir esta discriminação permitindo uma mais eficaz gestão das listas de espera cirúrgicas.
A reunião terminou alertando a Presidente do CA sobre o clima de constrangimento, intimidação e exaustão física e psicológica dos médicos. O SMZC considera muito grave a ausência de diálogo e negociação, não podendo ser coniventes com esta situação, pelo que irá levar este problema ao conhecimento público, assim como todos os problemas que nos sejam reportados e que comprometam a saúde dos médicos e a prestação de cuidados de saúde aos utentes.