O Sindicato dos Médicos da Zona Centro (SMZC), reconhecendo as dificuldades crónicas no Serviço Nacional de Saúde (SNS) na Região de Leiria, solicitou reuniões com os deputados à Assembleia da República eleitos pelo círculo eleitoral de Leiria (PSD e PS), e requereu ainda participar nas audições da Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria (CIMRL) para a elaboração de um plano de medidas na área da Saúde na RL.
Após estas reuniões, o SMZC enviou à CIMRL, e aos deputados do PSD e do PS um documento com um conjunto de 21 medidas de âmbito local que procuram responder às várias carências identificadas e que visam a valorização do trabalho médico.
O SMZC sensibilizou as entidades referidas para a urgência da necessidade de medidas edificantes do SNS, defendidas de forma reiterada pela Federação Nacional dos Médicos (FNAM), e, a nível regional, de um plano que valorize os seus profissionais, facilite a conciliação da vida profissional e pessoal, promova o cumprimento de princípios legais de descanso e proceda à regularização dos diversos pagamentos devidos.
O SMZC reuniu com a CIMRL no dia 2 de Setembro, e com os deputados do PSD e do PS no dia 9 de Setembro e dia 16 de Setembro, respetivamente, onde procurou contextualizar os problemas estruturais do SNS na ULS RL, com exemplos práticos e diários, nomeadamente a sobrecarga de trabalho, em particular dos médicos internos, a não valorização dos médicos de Saúde Pública, sem terem as condições físicas adequadas para um trabalho de qualidade para as suas competências e múltiplas solicitações, o não pagamento (recorrente e persistente) de remunerações legalmente devidas de trabalho médico realizado, o não cumprimento legal de descansos compensatórios e um ambiente de trabalho difícil, com relatos vários de exemplos de assédio laboral. Além destes fatores, outros aspetos não menos relevantes concorrem para explicar a falta de atratividade da ULS RL para contratar, atrair e fixar médicos. Assiste-se a um cenário de abandono de vários médicos do SNS para o sistema privado ou para a emigração, e são vários os médicos que se deslocam para outros hospitais vizinhos, onde podem desenvolver o mesmo trabalho, mas com condições um pouco mais dignas e maior disponibilidade e acolhimento por parte do serviço de gestão de recursos humanos, fazendo com que a ULS RL seja a unidade do país, fora da área de Lisboa e Vale do Tejo, com um maior número de utentes sem médico de família (28%). Há concelhos da RL onde mais de metade da população não tem acesso a uma equipa de saúde familiar, agravando a procura massiva por parte da população de cuidados de saúde no SU, levando os médicos hospitalares a um estado de cansaço crescente, a uma desmotivação arrastada e, não poucas vezes, muitos a descreverem um quadro de burnout.