O desmantelamento do Hospital dos Covões tem levado a uma diminuição drástica na resposta do SNS à população de toda a Região Centro. Existe efectivamente uma perda de camas de internamento nas especialidades de cirurgia, pneumologia e cardiologia e a concentração de serviços, profissionais de saúde e utentes no pólo HUC, causando constrangimentos graves na capacidade de resposta do CHUC, hospital de referência de toda a região Centro.
Destaca-se mais recentemente o encerramento do internamento de Pneumologia, da Cardiologia e da Unidade de Cuidados Intensivos Coronários, áreas de excelência no Hospital dos Covões, onde havia uma enorme diferenciação técnica, grande investimento tecnológico, equipas dinâmicas e altamente produtivas.
A revitalização da Cirurgia no pólo do Hospital dos Covões, onde existem Blocos Cirúrgicos bem apetrechados e subutilizados, poderia ser uma boa solução para a recuperação das listas de espera cirúrgicas e dos atrasos provocados pela pandemia Covid19.
O Serviço de Urgência do CHUC no seu pólo do HUC estava já subdimensionado quando o HUC era um dos hospitais gerais de Coimbra. Tal veio a agravar-se após a fusão, com o sucessivo encerramento de atendimento de urgência das especialidades que entretanto foram agregadas nos HUC, nomeadamente: Neurocirugia, Cirurgia maxilo-facial, Urologia, Otorrinolaringologia, Oftalmologia, Ortopedia, Cirugia Geral, Gastroenterologia, Neurologia, Hematologia, Nefrologia, Pneumologia, Cardiologia.
A urgência encontra-se atualmente em funcionamento 24 horas por dia/7 dias por semana. Atualmente funciona apenas com a presença de uma só especialidade, a Medicina Interna, sem qualquer plano definido para o futuro.
As maternidades encontram-se em risco de rutura pela persistente deficiência de recursos médicos e ausência de renovação do quadro médico, para o qual o SMZC vem alertando desde 2017. Ambas as maternidades em conjunto realizam 5000 partos por ano e são a referência de casos complexos para toda a região centro. A perspectiva de um novo edifício para juntar ambas as maternidades nada altera a necessidade urgente de renovação de recursos humanos.
Toda esta problemática tem sido exposta e questionada pelo SMZC/FNAM ao Ministério da saúde, ARS Centro e anteriores Conselhos de Administração do CHUC.
Também a Secção Regional do Centro da Ordem dos médicos tem conhecimento e encontra-se a acompanhar esta situação.
A ausência reconhecida pela ARS e pela Ministra da Saúde de um plano estratégico para o CHUC é altamente preocupante.
Coloca-se perante isto a seguinte questão: Qual o papel pretendido para o CHUC (HUC, Hospital dos Covões, Hospital Pediátrico, Hospital Sobral Cid, Maternidade Daniel de Matos, Maternidade Bissaya Barreto) no mapa da saúde na região centro e do país?
Aguardamos da nova administração a marcação de reunião, solicitada a 1 Julho pelo SMZC, para responder a a esta questão, entre outras. Continuaremos a envidar todos os esforços na defesa de um SNS de qualidade e condições dignas de trabalho para os médicos.